No inverno, nada melhor para esquentar do que um chá bem quente! O chá, que teve sua origem no Oriente há milênios, tornou-se popular em diversos países e também no Brasil, sendo a segunda bebida mais consumida no mundo. Inicialmente os orientais cultivavam as ervas devido às suas propriedades medicinais. Hoje sabe-se que além destas propriedades, os chás são ótimos aliados em uma alimentação saúdável e completa.
Alguns chás são considerados alimentos funcionais por possuírem nutrientes e compostos bioativos que atuam na promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas, quando consumidos como parte da dieta usual. Eles ainda podem auxiliar no bem estar e qualidade de vida, melhorando processos de ansiedade, insônia, problemas digestivos, resfriados e retenção hídrica.Os efeitos benéficos dos chás dependem da adequada indicação, dose, forma como a planta foi cultivada e colhida, além do seu modo de preparo.
Para o preparo de chás a partir de folhas, flores e frutos moídos, deve-se fazer a infusão destas plantas. Na infusão, a água é aquecida até o ponto de fervura (desliga-se o fogo quando começam a surgir bolhas no fundo da chaleira). A água é vertida sobre a planta e a infusão fica em repouso por no máximo 10 minutos, tampada. Quando a água não é fervida, os óleos essenciais das plantas são preservados. Já para o preparo de chás a partir de cascas, raízes ou pedaços de caule, faz-se a decocção. Nesta técnica, as partes da planta são fervidas junto à água por 15 a 20 minutos. Alguns chás ainda podem ser preparados através de maceração, onde as folhas, flores ou sementes são deixados de molho em água fria, por 10 a 12 horas.Os chás podem ser preparados em quantidade suficiente para serem ingeridos ao longo do dia, durante 12 horas.
Entretanto, eles nunca devem ser reaquecidos, já que perdem parte de suas propriedades funcionais.Também é importante ficar atento ao horário de ingestão. Os chás com caféína, como o mate, preto e verde, devem ser evitados após às 18 horas, pois podem atrapalhar o sono. Já os de ervas calmantes, como mulungu, melissa e maracujá podem causar sonolência durante o dia, sendo mais interessante sua ingestão no periodo noturno. Os chás digestivos, como hortelã e erva-doce, devem ser consumidos mornos meia hora antes das refeições, afim de melhorar a secreção dos sucos digestivos.
Outro detalhe importante é o modo de apresentação dos chás. As ervas frescas ou secas possuem mais compostos ativos do que as ervas em sachês. Da mesma forma, alguns chás prontos para diluir também são mais pobres em substâncias ativas, além de possuírem em sua composição maltodextrina (açúcar) e outros aditivos químicos.Mas cada chá, seja de ervas, folhas ou raízes, possui propriedades únicas, atuando na saúde e bem-estar de diferentes formas:
Chá verde
A partir da oxidação das folhas da Camellia Sinensis é possível obter diferentes tipos de chás: Verde, branco, oolong, preto, matchá.O chá verde é sem dúvida o mais famoso entre eles, tanto pelo consumo elevado, quanto pela alta quantidade de compostos bioativos e funcionais. Este chá acelera o metabolismo e contém polifenóis, flavonoides e catequinas, compostos antioxidantes e anti-inflamatórios que ajudam a proteger as células contra a ação dos radicais livres e de processos inflamatórios. Assim, o consumo regular de chá verde promove uma redução da inflamação e estresse oxidativo no organismo, prevenindo o desenvolvimento de doenças crônicas como o câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, quando associado a dieta e hábitos de vida adequados, o chá verde auxilia na perda de peso devido ao seu efeito termogênico.Esta bebida apresenta altas concentrações de taninos, substâncias que podem inibir a absorção de nutrientes. Sendo assim, é recomendado que seu consumo seja longe das principais refeições.
A quantidade de chá verde recomendada, para garantir seus benefícios, é de 4 a 5 xícaras por dia (1 colher de sopa para 500 mL). Suas folhas devem ser deixadas pelo menos 5 minutos em infusão, e no máximo 10, já que após esse período o excesso de tanino liberado na água torna o chá muito amargo.
Além disso, devido à presença da cafeína, substância que pode promover aumento da pressão arterial, hipertensos devem consultar um nutricionista ou médico antes de consumí-lo.
O matchá, outra variedade de chá elaborada a partir do pó das folhas da Camellia Sinensis, também vêm se tornando popular devido à sua altíssima concentração de fitoquímicos e nutrientes, tendo efeitos antioxidantes, termogênicos e anti-inflamatórios mais potentes que o chá verde.
Chá de hibisco
O chá de hibisco é rico em ácidos orgânicos e flavonoides como as antocianinas e quercetina, compostos que promovem efeito cardioprotetor, anti-envelhecimento, vasodilatador, termogênico e reduzem a formação de novas células de gordura.
Devido à sua importante ação diurética e antioxidante, o chá de hibisco auxilia na eliminação de toxinas e consequentemente na redução de celulite e retenção de líquidos, quando associado a uma alimentação adequada.
A orientação é consumir 3 xícaras de chá diariamente, preparado a partir da infusão das flores e botões do Hibiscus sabdariffa, espécie diferente da encontrada em jardins (1 colher de chá da flor seca/ 200 mL)).
Cavalinha
A cavalinha (Equisetum spp) é uma erva com ação diurética suave, anti-inflamatória e antioxidante. Rica em silício, manganês, quercetina e compostos fenólicos, auxilia na saúde da pele e cartilagens, reduz retenção hídrica e auxilia em processos de cicatrização.
A erva deve ser preparada em infusão por no máximo 10 minutos, e pode ser combinada com outros chás de ação diurética leve, como o de hibisco, mate ou verde.
Erva-mate
A erva-mate (Ilex Paraguariensis) pode ser preparada a partir de folhas secas e moídas (chimarrão, tererê) ou a partir de folhas tostadas (chá mate tostado). É estudada há anos devido às suas potentes atividades antioxidantes. Estudos recentes ainda evidenciam propriedades termogênicas, vasodilatadoras e moduladoras do perfil lipídico e glicêmico, atuando como coadjuvante na redução do LDL-colesterol e glicemia. Por conter cafeína, seu consumo deve ser evitado no período noturno.
Boldo
O boldo do Chile (Peumus boldus) é indicado para melhorar problemas digestivos leves e distúrbios hepatobiliares, por estimular a digestão e secreção biliar. A erva ainda possui atividade antioxidante e detoxificante, em decorrência da presença de catequinas, boldina e compostos fenólicos, que também conferem sabor amargo à planta.
Entretanto, estas mesmas substâncias podem aumentar as contrações uterinas, de forma que este chá deve ser evitado por gestantes.
Hortelã
A hortelã (Mentha spicata) possui ação carminativa, reduzindo gases e melhorando a digestão. O consumo do seu chá antes das refeições aumenta a secreção dos sucos digestivos, melhora as contrações musculares do estômago e os movimentos peristálticos do intestino. A hortelã pode ser associada à erva-doce, outra planta interessante no tratamento de distúrbios digestivos
Mesmo com tantos efeitos benéficos, os chás não são medicamentos e não devem substituí-los. Além disso, seu consumo deve ser feito com orientação de um nutricionista, já que cada pessoa reage de forma diferente a cada tipo de erva.
